O cinema é uma linguagem visual onde cada enquadramento carrega intenções narrativas, estéticas e emocionais. Para atores e estudantes de teatro que desejam transitar para o audiovisual, entender e decorar os principais planos utilizados na sétima arte não é apenas útil — é essencial. Aqui está uma lista detalhada dos 15 planos fundamentais que você precisa conhecer para dominar o vocabulário cinematográfico.
1. Plano Geral (Extreme Long Shot – ELS)
O plano geral mostra o ambiente como um todo, priorizando o cenário e reduzindo os personagens a pequenos elementos na composição. Ele é usado para estabelecer o espaço, criar escala ou enfatizar a solidão do personagem.
Exemplo: A vastidão de uma paisagem em um faroeste.

2. Plano Muito Aberto (Long Shot – LS)
Este plano já destaca mais os personagens, mas ainda inclui bastante do ambiente. É usado para apresentar a relação entre os personagens e o espaço ao redor.
Exemplo: Uma pessoa andando em uma rua movimentada por exemplo.

3. Plano Aberto ou Plano Inteiro (Full Shot – FS)
O plano inteiro enquadra o personagem dos pés à cabeça, com foco total na ação corporal. Ele é ideal para destacar linguagem corporal ou momentos de movimento.
Exemplo: Um ator correndo ou dançando.

4. Plano Americano (Medium Full Shot – MFS)
Popularizado nos filmes de faroeste, este plano enquadra o personagem dos joelhos para cima. Permite uma leitura clara da ação e das expressões faciais.
Exemplo: Dois pistoleiros se encarando antes de um duelo.

5. Plano Médio (Medium Shot – MS)
Enquadra o personagem da cintura para cima, equilibrando ações e expressões. É um dos planos mais usados no cinema e na TV.
Exemplo: Uma conversa em que gestos e expressões faciais têm igual importância.

6. Plano Médio Próximo (Medium Close-Up – MCU)
Vai do peito até a cabeça do personagem. Destaca mais as expressões faciais, mantendo alguma noção de contexto ao redor.
Exemplo: Um personagem expressando preocupação durante uma discussão.

7. Primeiro Plano (Close-Up – CU)
Foca no rosto do personagem, capturando cada detalhe emocional. É um plano intenso e intimista.
Exemplo: Lágrimas rolando pelo rosto em uma cena dramática.

8. Plano Detalhe (Extreme Close-Up – ECU)
Aumenta ainda mais o zoom, mostrando detalhes específicos como os olhos, a boca ou um objeto pequeno. É usado para enfatizar algo importante ou gerar tensão.
Exemplo: O dedo pressionando o gatilho de uma arma.

9. Plano Over-The-Shoulder (OTS)
Filmado sobre o ombro de um personagem, este plano dá ao espectador a perspectiva de quem observa a cena. É muito usado em diálogos.
Exemplo: Dois personagens em uma conversa, com um deles de costas.

10. Plano Inclinado (Dutch Angle)
A câmera é inclinada, criando uma linha do horizonte diagonal. Gera tensão, desorientação ou desconforto.
Exemplo: Uma cena de perseguição frenética ou um momento de insanidade.

11. Plano Subjetivo (Point of View – POV)
Coloca o espectador no lugar do personagem, mostrando o que ele está vendo. Aumenta a identificação ou imersão.
Exemplo: A visão de um personagem olhando pelo binóculo.

12. Plano Overhead (Bird’s Eye View)
A câmera está posicionada diretamente acima da cena, criando uma perspectiva vertical. É usado para descrever movimento ou sugerir vigilância divina.
Exemplo: Pessoas correndo em direções opostas em uma praça.

13. Plano Contra-Plongée (Low Angle Shot)
A câmera está abaixo do personagem, olhando para cima. Dá uma sensação de poder, ameaça ou imponência.
Exemplo: Um vilão sendo mostrado em toda a sua grandeza.

14. Plano Plongée (High Angle Shot)
A câmera está acima do personagem, olhando para baixo. Faz o personagem parecer pequeno, vulnerável ou subordinado.
Exemplo: Uma criança sendo repreendida por um adulto.

15. Plano Sequência (Long Take)
Sem cortes aparentes, este plano acompanha a cena em continuidade, criando profunda imersão e uma sensação de realismo. O grandioso teórico do cinema, André Bazin (1918-1958), definiu o plano-sequência como “a filmagem de uma ação ininterrupta, com uma longa duração, onde a câmera realiza um movimento sequencial, sem cortes e em apenas um take“.
Exemplo: A famosa cena em plano sequência de “A marca da maldade” filme de Orson Welles 1958.
Por que é fundamental decorar todos estes planos?
Para os atores e cineastas em formação, compreender os planos é vital. No set de gravação, a capacidade de adaptar suas performances ao enquadramento correto pode elevar sua atuação e ajudar a contar a história de forma mais poderosa com especificidade. Como dizia Alfred Hitchcock:
“O cinema não é uma fatia da vida, mas uma fatia de bolo.”
Entenda os planos, adapte-se às lentes e transforme a sua visão artística em um espetáculo cinematográfico.